quarta-feira, 23 de maio de 2012

Parei de ler você


Não gosto de largar livros na metade.

Por mais enfadonho que o enredo se torne, quando começo uma leitura, crio uma fidelidade instintiva que só cessa quando eu leio a última palavra. 

Penso o mesmo com relação às pessoas. Não me apetece abandonar alguém, por mais enfadonha que a pessoa se torne.

Quando conheço – e gosto – de alguém, crio uma fidelidade instintiva que nunca cessa. Tenho mania de travar relacionamentos demasiadamente intensos.

Mas leituras melhores sempre acabam surgindo no caminho, até mesmo quando você não tá procurando. É aquela resenha de um editorial que você lê por acaso numa sala de espera e imediatamente lhe encanta. 
Em algumas vezes é proposital: o livro lhe cansa e o objetivo deles não é lhe fatigar, mas sim agradar e, portanto, nesses casos, é melhor que a última palavra lida seja aquela preposição que se torna sem nexo pela parada brusca da leitura.

Existe gente que acaba findando assim: sem nexo. São as pessoas que um dia lhe chamaram atenção suficiente pra lhe convencer a adentrar nas suas vidas, folhear as suas histórias. 

Por obra do destino (ou em certos casos por pura premeditação) aqueles contos não lhe interessam mais, não despertam mais nenhuma curiosidade... não lhe emocionam.

Pensando nisso tudo, talvez eu esteja errado quando me martirizo por abandonar um livro. 

Essa é a melhor solução: pode ser que alguém esteja só esperando eu largar essas páginas pra começar a lê-las e, oxalá, dar-lhes cabo. Quem sabe até dizer “esse é meu livro favorito”.

Desejo felicidades a todos os livros que eu já deixei. Assim como desejo o mesmo paras as pessoas que eu já não convivo mais.